A Metafísica

Definição
A palavra metafísica é de origem grega onde Meta significa além e Physis significa Física Metafísica é uma área do conhecimento que faz parte da Filosofia. A metafísica estuda os princípios da realidade para além das ciências tradicionais (Física, Química, Biologia, Psicologia, etc).

A metafísica busca também dar explicações sobre a essência dos seres e as razões de estarmos no mundo. Outro campo de análise da Metafísica são as relações e interações dos seres humanos com o Universo.
O grego Aristóteles foi o filósofo que pensou e produziu mais conhecimentos sobre metafísica na antiguidade. Já na época Moderna, podemos destacar os estudos do matemático e filósofo frânces René Descartes.

As principais questões levantadas e analisadas pela metafísica são: O que é real? O que é liberdade? O que é sobrenatural? O que fazemos no nosso planeta? Existe uma causa primária de todas as coisas?
A. O que é metafísica?

1. A metafísica é o saber acerca do "diáfano" das coisas.

a. O óbvio das coisas (saber comum).
• Quando apreendemos as coisas, há notas (*) destas com as quais simplesmente deparamos porque nos vêm ao encontro.
• Por exemplo: se apreendo uma garrafa, topo, porque me vêm ao meu encontro, com a sua cor, com a sua forma, com o seu brilho, com o seu peso, com a sua temperatura, etc.
• Essas notas das coisas com as quais deparamos, porque nos vêm ao encontro quando apreendemos as coisas, são o âmbito do "óbvio" das coisas.
• Com efeito, "óbvio" (do latim ob-viare) significa etimologicamente "vir ao encontro".
• O saber acerca do óbvio das coisas é o que costuma ser chamado de saber comum ou vulgar.

b. O ultra-óbvio das coisas (saber científico-técnico).
• Há outras notas das coisas que não são óbvias, ou seja, que não deparamos com elas, porque não vêm ao nosso encontro quando apreendemos as coisas.
• Por exemplo: ao apreender a garrafa, não topo, porque não me vêm ao encontro, com seus fótons (que originam a sua cor), com seus elétrons, nêutrons e prótons (que compõem a sua matéria), com a velocidade das suas moléculas (que origina a sua temperatura), etc.
• Essas notas das coisas com as quais não deparamos, porque não nos vêm ao encontro quando apreendemos as coisas, são o âmbito do "ultra-óbvio" das coisas.
• Com efeito, para achar essas notas das coisas, o homem tem que ir "além" (•ultra) do óbvio; tem que buscá-las arduamente mediante a ciência ou outras atividades humanas.
• O saber acerca do ultra-óbvio das coisas é o que costuma ser chamado de saber científico ou técnico.
c. O diáfano das coisas (saber metafísico).
• Poder-se-ia pensar que o óbvio e o ultra-óbvio das coisas esgotam completamente a realidade delas (assim pensa o "positivismo", por exemplo, que só admite os fatos positivos científicos).
• Há, porém, um saber, a metafísica, que defende energicamente o seguinte:
- É falso que a realidade das coisas consista somente no óbvio e no ultra-óbvio delas.
- Há um âmbito das coisas com o qual não deparamos, porque não nos vem ao encontro quando as apreendemos (não é o óbvio), e que também não o encontramos buscando além do óbvio (não é o ultra-óbvio).
- É um âmbito das coisas "óbvio demais", "mais do que óbvio"; é tão óbvio que nem o percebemos; carece dessa mínima opacidade necessária para que topemos com ele quando apreendemos as coisas.
- Trata-se do âmbito do "diáfano" das coisas, que é justamente o mais radical e profundo da realidade das coisas.
- O saber acerca do diáfano das coisas é a Metafísica.
 • Três caracteres do diáfano das coisas.
- O âmbito do diáfano das coisas "deixa que apreendamos" o óbvio e o ultra-óbvio delas; permite, sem obstáculos, o transcurso da nossa apreensão dos outros âmbitos das coisas.
- O âmbito do diáfano das coisas não só deixa, mas "faz que apreendamos" o óbvio e o ultra-óbvio delas; faz efetivamente possível a nossa apreensão dos outros âmbitos das coisas.
- O âmbito do diáfano das coisas não só deixa e faz que apreendamos os outros âmbitos das coisas, mas é "âmbito constitutivo das coisas mesmas que apreendemos".


2. A metafísica é o saber acerca do "transcendental" das coisas.

a. O talitativo das coisas (saber comum e saber científico-técnico).
• Desde outro ponto de vista, o óbvio e o ultra-óbvio das coisas constitui o âmbito do conteúdo real das coisas, das coisas "tais quais são".
• É o âmbito das coisas que a metafísica chama de "talidade" das coisas ou de âmbito talitativo das coisas.
• Os saberes chamados de comum e de científico-técnico são saberes acerca do talitativo das coisas, isto é, das coisas tais quais elas são, do conteúdo real das coisas.
b. O transcendental das coisas (saber metafísico).
• A metafísica defende energicamente o seguinte:
- O talitativo das coisas, o conteúdo real das coisas, não esgota a realidade das coisas.
- De algum modo, a realidade do conteúdo das coisas é "mais" que o conteúdo real das coisas; o diáfano das coisas vai "além", "transcende" o óbvio e o ultra-óbvio das coisas.
- É o âmbito das coisas que a metafísica chama de "o transcendental" das coisas.
• Atenção para não confundir transcendental com transcendente.
- Transcendente (transcendência) é aquilo que transcende as coisas porque, de algum modo, está fora delas; assim, por exemplo, é Deus.
- Transcendental (transcendentalidade) é aquilo que transcende as coisas, mas desde elas mesmas e nelas, isto é, sendo um âmbito constitutivo das coisas mesmas; assim, por exemplo, a realidade, a verdade, a beleza, a bondade, etc.
• O transcendental tem dois caracteres constitutivos:
- O transcendental vai além das coisas, sendo, porém, âmbito constitutivo das coisas mesmas; o transcendental não é nada fora das coisas.
- O transcendental próprio duma coisa é de algum modo idêntico ao transcendental de cada uma das outras coisas; o transcendental, de algum modo, é um âmbito único que envolve todas as coisas.
• A metafísica é o saber acerca do "transcendental" das coisas.
- Entre outros fatores, a "preguiça mental" pode levar-nos a negar frivolamente o âmbito transcendental das coisas, a considerar a metafísica como uma invenção de mentes à toa.
- Atenção! Se negarmos o transcendental das coisas, que será do transcendente, de Deus, por exemplo?
- De fato, muitos começam negando a metafísica e acabam negando De 

3. A metafísica é o saber acerca do "primário" das coisas.

a. A metafísica defende energicamente o seguinte:
• O óbvio e o ultra-óbvio das coisas, o talitativo das coisas, não é o primário das coisas e sim o secundário delas, por assim dizer.
• O diáfano das coisas, o transcendental das coisas é o "primário" delas, no sentido do mais radical e profundo das coisas.
b. A metafísica é o saber acerca do primário das coisas.• Responder à pergunta "o que é o primário das coisas, o mais radical e profundo delas?" é justamente a tarefa da metafísica.• A metafísica é um transcender, um ir nas coisas além do secundário delas, em busca do primário das coisas.

4. A metafísica é o saber acerca do "metafísico" das coisas.
a. O óbvio e o ultra-óbvio das coisas, o talitativo das coisas, costuma ser chamado de "o físico" das coisas.
b. Portanto, temos justamente que chamar de "meta-físico" o diáfano ou o transcendental das coisas; com efeito, o diáfano é "mais" (•meta) do que óbvio (•físico); o transcendental vai "além" (•meta) do talitativo (•físico).
c. A metafísica é o saber acerca do metafísico das coisas.



B. A dificuldade extrema da metafísica.

 Precisamente por ser o saber acerca do diáfano, a metafísica é o saber mais difícil, mais violento.
a. Na apreensão das coisas materiais, não há nada mais difícil que apreender o transparente.
• Os nossos sentidos precisam fazer a si mesmos uma espécie de "violência" para apreender o transparente.
• Basta pensar na violência que faz a si mesma a visão para poder ver um vidro perfeitamente transparente...
b. Pois bem, a metafísica é o exercício da mais difícil das operações intelectivas: a apreensão do transparente dos transparentes, isto é, do diáfano das coisas; para isso, o nosso saber precisa fazer a si mesmo a maior das "violências".